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O que a morte de cantora que contraiu covid de propósito revela sobre o comportamento humano nessa pandemia?

JSNEWS – A cantora Hana Horka, de 57 anos, não havia sido vacinada e postou nas redes sociais que estava se recuperando após testar positivo, mas morreu dois dias depois da postagem. Seu filho, Jan Rek, disse que ela foi infectada de propósito quando ele e seu pai tiveram o vírus, para que ela pudesse obter um passaporte de covid para acessar certos locais.

Foto montagem

A República Tcheca registrou número recorde de casos nesta quarta-feira (19/1).

Rek e seu pai, ambos totalmente vacinados, pegaram covid no Natal. Mas ele disse que sua mãe decidiu não manter distanciamento deles, preferindo se expor ao vírus.

“Ela deveria ter isolado por uma semana porque testamos positivo. Mas ela estava conosco o tempo todo”, disse ele.

Na República Tcheca, é necessário ter comprovante de vacinação ou de infecção recente para entrar em muitos locais sociais e culturais, incluindo cinemas, bares e cafés.

Sua mãe era integrante de um dos mais antigos grupos folclóricos tchecos, o Asonance. Ela queria pegar covid para que fosse submetida a menos restrições, explicou Rek.
Na manhã de domingo, dia em que morreu, Horka disse que estava se sentindo melhor e que tinha se vestido para dar um passeio. Mas então suas costas começaram a doer e ela foi se deitar em seu quarto.

“Em cerca de 10 minutos estava tudo acabado”, disse seu filho. “Ela engasgou e morreu.”
 Jan Rek enfatizou que sua mãe não acreditava em algumas das teorias da conspiração mais bizarras sobre as vacinas contra covid. “Sua crença era de que ela preferia pegar covid do que ser vacinada”, disse ele.

Segundo ele, não havia sentido em tentar discutir o assunto com ela, pois ela se exaltava bastante. Em vez disso, ele esperava que, ao contar sua história, pudesse convencer outras pessoas a serem vacinadas.

(foto: AFP / VLADIMIR SIMICEK)

As informações preliminares de que a variante ômicron causaria uma covid mais leve e com menor risco de complicações levam muitos a seguirem argumentos do tipo: “melhor se infectar logo, ou de propósito, para se livrar da doença e seguir a vida com menos restrições”.
Para a microbiologista Natália Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência, a ideia é “péssima“, está baseada em “falsas premissas” e pode colocar em risco a saúde individual e coletiva.

Pasternak lembra que, há algumas décadas, quando não existiam vacinas, os pais costumavam promover as chamadas “festas” do sarampo, da catapora ou da rubéola.

Em resumo, a ideia era que uma criança infectada transmitisse o vírus para as demais. Como essas doenças costumam ser mais leves na infância, a prática poderia criar, em tese, uma imunidade e evitar problemas maiores na adolescência ou na vida adulta.

Nenhuma entidade de saúde nacional ou internacional recomenda essa prática — a vacinação continua sendo a forma mais segura e efetiva de obter uma imunidade contra o coronavírus, especialmente contra as formas mais graves da infecção, que levam à hospitalização e morte.

O número de casos de covid na República Tcheca atingiu um novo recorde na quarta-feira, com 28.469 casos relatados em uma população de 10,7 milhões de pessoas.

O governo introduziu recentemente novas medidas para combater o coronavírus, incluindo testes obrigatórios para funcionários e alunos. O período de isolamento para pessoas que testam positivo, mas não apresentam sintomas, foi reduzido de 14 dias para cinco.

No início deste mês, milhares de pessoas se manifestaram em Praga e outras cidades contra a possível introdução da vacinação obrigatória para alguns setores da sociedade. Espera-se que o governo anuncie seus planos em breve.

Cerca de 63% da população total da República Checa foi totalmente vacinada, em comparação com uma média de 69% em toda a União Europeia.

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