Saúde

SOS da Vida – Reciprocidade e empatia

Eliana Pereira Ignacio

Olá, meus caros leitores, dando continuidade ao assunto iniciado na última edição, hoje gostaria de iniciar utilizando uma frase de Frans de Waal, onde ele diz : “A moralidade se baseia em reciprocidade, senso de justiça, empatia e compaixão.” Partindo do sentido da frase falar sobre a relação entre reciprocidade e empatia. Uma palavra que é coirmã da reciprocidade é a empatia, que é o ato de se colocar no lugar do outro para buscar entender como ele se sente.

Essa atitude é transformadora porque permite que você obtenha uma nova visão a respeito de tudo e de todos. Ao guiar suas ações por ela, poderá experimentar mudanças extraordinárias na forma como se relaciona com o mundo e as pessoas ao seu redor.

A empatia é a chave para sentir o que o outro sente, entender e compreender suas emoções e estar a um passo para estender a mão e ajudar. Diversas teorias explicam esse sentimento. Começaram com o conceito de simpatia.

De acordo com Adam Smith, um grande filósofo britânico, a simpatia permitiu a experimentação de sentimentos nunca sentidos plenamente. Já o sociólogo Herbert Spencer enxerga a simpatia como uma função adaptativa que auxilia na sobrevivência do ser humano.

A empatia molda o comportamento e beneficia as relações sociais. Somos naturalmente criaturas sociais, assim, elementos que fazem bem aos nossos relacionamentos com terceiros também nos benefi ciam. Quando as pessoas experimentam empatia, elas são mais propensas a se envolver em comportamentos pró-sociais, desencadeando, também, atos de altruísmo e heroísmo. Imagine que, por exemplo, um dos seus colegas de trabalho está estressado, então, sua primeira reação ficar irritado com ele e isso, provavelmente, será demonstrado por meio de suas atitudes.

Porém, ao colocar a empatia em prática, você irá parar e pensar melhor a respeito da situação. Certamente, ele não está apresentando esse comportamento à toa, e pode ser que esteja passando por um momento delicado. Dessa forma, adotará uma postura compreensiva, que poderá ser sentida por esse indivíduo e o motivará a retribuir a gentileza, criando um laço de reciprocidade.

Através deste simples exemplo, é possível afirmar que uma pequena mudança no mindset (mentalidade) é capaz de transformar e promover o bem.

Uma situação que poderia ser geradora de conflito e trazer diversos problemas se torna uma oportunidade para criar uma conexão positiva e estender a mão para alguém. Adquirir o hábito de se colocar no lugar do outro e agir com reciprocidade é algo que vale muito a pena e que deve ser sempre passado adiante.

É importante saber por que às vezes não sentimos empatia ou compaixão pelo outro. Em um nível básico, dois são os fatores que fazem experimentar a empatia: as habilidades sociais e a genética. Embora o primeiro fator seja o mais marcante, faz necessário considerar que existem influências genéticas. Nossos genes, transferidos através dos pais, contribuem muito para a formação da personalidade.

Isso interfere diretamente na capacidade de ter ou não empatia, simpatia ou compaixão. As crenças e valores também são fatores que interferem nisso, viver em sociedade, relacionar com diversas pessoas geram mudanças nos valores e crenças.

Gostaria de citar algumas situações, as quais torna-se difícil conseguir a ter empatia:

• Não enxergar uma situação do ponto de vista do outro: o fato de sermos vítimas do nosso viés cognitivo interfere em como enxergamos o mundo, atribuindo as falhas do outro às características internas e culpando as nossas em detrimento de fatores externos. Isso dificulta a compreensão de todos os fatores envolvidos e do ponto de vista do outro.

• Nos colocarmos como distante do outro: um exemplo disso é quando assistimos uma tragédia na televisão, principalmente quando aquela pessoa que está passando pelo problema é diferente de nós econômica e socialmente. O sentimento é que aquilo nunca acontecerá conosco. Assim, por conta da diferença entre as realidades, acabamos por desumanizar a vítima.

• Culpar as vítimas: quando cometemos o grande erro de culpar a vítima pelas suas circunstâncias.
Um exemplo disso é quando alguém comete um ataque durante um surto emocional. A ideia de que o mundo é um lugar justo nos faz culpar sem avaliar a situação e nos faz acreditar que isso nunca poderia acontecer conosco.

Em suma refletir sobre as situações em que não conseguimos sentir empatia é importante para que possamos identificar crenças e preconceitos que estamos carregando e ressignificá-los. E viver muito melhor.

Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualifi cações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University.
Para interagir com Eliana envie um
e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jsnewsusa.com

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