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Plano B: veja os cenários em que o Partido Democrata poderia substituir Biden

REUTERS – A imagem do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na corrida presidencial está se deteriorando após a derrota no primeiro debate contra o republicano Donald Trump. Apesar de ter dito nesta sexta (28) que pretende vencer o pleito, diversos veículos americanos pedem que ele desista da disputa e dê lugar a um novo candidato.

O desempenho de Biden levou alguns integrantes do Partido Democrata ao estado de pânico, segundo a imprensa americana, e levantou a possibilidade de substituir o presidente na corrida eleitoral. Aliados democratas defendem que ele deixe a disputa, e até o próprio Biden considera fazê-lo, segundo o jornal “The New York Times”.
Na teoria, é possível substituí-lo, mas é algo improvável.

A Reuters conversou com Elaine Kamarck, pesquisadora sênior do grupo de pesquisa Brookings Institution, membra do Comitê Nacional Democrata (DNC) e autora do livro “Primary Politics”, que explica o processo de nomeação presidencial e como os democratas poderiam substituir Biden.

Quais opções os democratas têm?
O Partido Democrata não tinha um verdadeiro Plano B para substituir Biden como candidato presidencial. Ele concorreu virtualmente sem oposição à nomeação presidencial do partido este ano.

Ele não será nomeado oficialmente até a Convenção Nacional Democrata, que vai acontecer entre 19 e 22 de agosto, então ainda há tempo para fazer uma mudança e alguns cenários para isso:

  • Biden poderia decidir sair antes de ser nomeado;
  • Ele poderia ser desafiado por outros que tentam conquistar os delegados que ele acumulou;
  • Ou ele poderia se retirar após a convenção democrata em Chicago, em agosto, deixando o Comitê Nacional Democrata eleger alguém para concorrer contra Trump em seu lugar.

Então, o que acontece depois?
No momento, o processo depende em grande parte de Biden. Ele teria que concordar em sair ou enfrentar um concorrente tão tarde no processo que tentaria forçá-lo a desistir. Segundo o “The New York Times”, o presidente tem dúvidas sobre se poderá se reerguer após o desempenho ruim no primeiro debate eleitoral.

Na verdade, alguns de seus principais substitutos em potencial — a vice-presidente, Kamala Harris, e o Governador da Califórnia, Gavin Newsom — defenderam o presidente após o debate. O ex-presidente Barack Obama, que não pode mais concorrer, também defendeu Biden nesta sexta (28).

O que acontece se Biden deixar a disputa?
Biden passou os últimos meses acumulando quase 4.000 delegados democratas ao vencer as eleições primárias nos estados e territórios dos EUA.

Esses delegados normalmente votariam nele, mas as regras não os obrigam a fazer isso. Os delegados podem votar com sua consciência, o que significa que eles poderiam dar seu voto a outra pessoa.
Se Biden desistir e “liberar” seus delegados, poderia haver uma competição entre outros candidatos democratas para se tornar o indicado.

Quem substituiria Biden?
Vários candidatos poderiam entrar na disputa, mas não há um número um óbvio.

A vice-presidente Kamala Harris quase certamente estaria no topo da lista, mas ela teve seus próprios problemas após um início difícil no cargo e números de pesquisa ruins.

A Constituição dos EUA determina que o vice-presidente se torna presidente se o presidente morrer ou ficar incapacitado, mas não pesa sobre um processo interpartidário para escolher um indicado.

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, o governador de Kentucky, Andy Beshear, e o governador de Illinois, J.B. Pritzker, foram mencionados como possíveis substitutos, mas eles são apoiadores de Biden e substitutos de campanha que estão trabalhando para ajudá-lo a ser eleito agora.

Como um candidato seria escolhido?
Provavelmente haveria uma espécie de todos contra todos entre os pesos pesados democratas disputando o cargo.

Os candidatos teriam que obter assinaturas de 600 delegados da Convenção para serem nomeados. Espera-se que haja cerca de 4.672 delegados em 2024, incluindo 3.933 delegados comprometidos e 739 automáticos ou superdelegados, segundo a base de dados Ballotpedia.

Se ninguém conseguir a maioria dos delegados, haveria uma “convenção negociada” em que os delegados atuam como agentes livres e negociam com a liderança do partido para chegar a um nomeado.
Seriam estabelecidas regras e haveria votações nominais para os nomes colocados em nomeação.

Pode levar várias rodadas de votação para alguém obter a maioria e se tornar o indicado. A última convenção negociada em que os democratas não conseguiram nomear um candidato na primeira votação foi em 1952.

O que acontece se Biden desistir após a Convenção?
Se Biden sair após a convenção de agosto, os 435 membros do Comitê Nacional Democrata escolheriam um novo candidato. Os membros se reuniriam em uma sessão especial para selecionar um nomeado.

Quem são esses 435 membros do Comitê Nacional Democrata?
Eles são divididos igualmente entre homens e mulheres, bem como vários grupos constituintes, incluindo líderes sindicais, representantes LGBTQ e minorias raciais. Do total, 75 são nomeados de forma geral pelo presidente, enquanto o restante é eleito em seus respectivos estados.

Quem poderia nomear uma alternativa nesse caso?
Para nomear um candidato para substituir Biden na cédula, essa pessoa precisaria ter o apoio de um número mínimo de membros do Comitê Nacional Democrata (DNC) — talvez cerca de 60, embora o número exato seja determinado pelo comitê de regras do DNC –, que estabeleceria as regras para os procedimentos antes de começarem.

Provavelmente haveria discursos de nomeação e discursos de apoio. Vários candidatos poderiam ser nomeados antes que a lista fosse reduzida.

Como esses votos seriam contados?
O DNC provavelmente realizaria sua reunião em Washington e os votos seriam contados lá. As cédulas seriam codificadas, assinadas e coletadas manualmente. Se uma votação acontecesse muito perto do dia da eleição em 5 de novembro, quando não fosse possível se reunir pessoalmente, provavelmente seria virtual.

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