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Maioria das mortes de prisioneiros custodiados pelo ICE eram evitáveis, afirma relatório da ACLU

JSNEWS – A maioria das mortes que ocorreram sob custódia da Agência de  Imigração e Alfândega – ICE, de 2017 a 2021 poderiam ter sido evitadas se a agência tivesse prestado a assistência médica adequada a esses detentos, é o que afirma um relatório divulgado  pela União Americana das Liberdades Civis – ACLU e outras organizações de direitos humanos nessa terça-feira, 25. 

“A grande maioria das mortes que ocorreram nas prisões da imigração poderia ter sido evitada se o ICE tivesse prestado assistência médica adequada às pessoas detidas”, disse um dos principais autores do relatório e um advogado sênior do Projeto Prisional Nacional da ACLU, Eunice Cho.

O relatório de 76 páginas da ACLU foi elaborada Organização  Médicos para Direitos Humanos e Supervisão Americana, que afirma ter examinado o óbito de 52 pessoas que estavam sob custódia do ICE, essas mortes ocorreram de 1 de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2021. Os autores do relatório analisaram mais de 14.500 páginas de documentos obtidos por meio de solicitações da Lei da Liberdade de Informação e através dos registros públicos estaduais de litígios civis e inclui os relatórios de investigação do ICE.

Os especialistas médicos concluíram que das 52 mortes relatadas no período de cinco anos, 49 eram evitáveis ou provavelmente evitáveis, informa o relatório da ACLU.

Um caso destacado no relatório é da morte do imigrantes Jesse Jerome Dean Jr., um homem de 58 anos das Bahamas que  morreu de uma hemorragia gastrointestinal não diagnosticada enquanto estava detido na prisão do condado de Calhoun, no Michigan. “Embora Dean não pudesse comer e ter perdido cerca de 20 quilos em três semanas, a equipe de saúde da detenção não levou Dean para uma consulta medica”, disse o relatório citando a investigação do ICE sobre a morte desse imigrante.

Em um outro caso, Kamyar Samimi, um imigrante de 64 anos do Irã, que morreu em dezembro de 2017 depois que a equipe do Centro de Detenção Aurora, no Colorado, ter interrompido seu tratamento assistido para transtorno de uso de opioides que ele havia recebido por mais de duas décadas. Sem o tratamento, Samimi entrou em crise abstinência e “deteriorou-se rapidamente, experimentando náuseas, vômitos repetidos e convulsões, até falecer dezesseis dias depois entrar e crise”, disse o relatório.

Michele Heisler, diretora médica da Physicians for Human Rights e revisora do relatório, disse que é impressionante como os casos são “flagrantes” em termos de prestação de “cuidados médicos deficientes, cuidados médicos errados, cuidados médicos inadequados e falta de monitoramento”.

O relatório inclui descrições e uma linha do tempo de algumas das mortes de detidos e por que os médicos acreditam, que com base nessas informações, que uma morte era potencialmente evitável. “Esta é uma espécie de ponta do iceberg de quão deficiente é o atendimento médico nas instalações do ICE”, disse Heisler.

O relatório concluiu que: “os atuais mecanismos de supervisão e responsabilização do ICE em relação à morte na detenção são criticamente falhos e fazem pouco para prevenir futuras mortes”.

O relatório também afirmou que houve um aumento nas mortes por suicídio em suas instalações e que a agência não oferecia cuidados de saúde mental adequados.

O relatório não inclui a morte do brasileiro Kesley Vial, de 23 anos ocorrida em agosto de 2022, ocorrida quando ele estava sob a custódia do ICE  no Centro de Detenção do Condado de Torrance, no Novo México. Kesley foi detido em abril de 2022 ano quando tentava entrar ilegalmente no país através do Texas, foi transferido para a prisão no Colorado onde aguardava a decisão final para seus procedimentos migratórios.

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