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LOJAS BRASILEIRAS – ponto de encontro da comunidade

Jehozadak Pereira Houve um tempo em que para se assistir às novelas e os programas brasileiros, era preciso ir a uma loja brasileira qualquer e alugar o que se pretendia ver. Era assim também com diversos produtos que eram trazidos do Brasil de maneira as vezes informal – colocava- -se tudo dentro de um container e pronto!

Durante muito tempo as lojas brasileiras nos Estados Unidos funcionaram como consulados informais onde se podia obter as últimas notícias da pátria amada salve salve. Era também o ponto de encontro de amigos inesquecíveis e de inimigos que deviam ser evitados a qualquer custo. Certa vez Manoel Santana tomou um susto ao encontrar numa loja brasileira em Somerville, com Bernardo, seu desafeto de longa data, e para quem havia perdido a namorada Rita de Cássia.

Na época o stress entre ambos atingiu níveis insuportáveis e as famílias que eram amigas, resolveram interferir no caso. Por conta da desilusão amorosa, Manoel veio para a América e esqueceu totalmente o assunto, até que deu de cara com Bernardo que lhe estendeu a mão num gesto que significava encerrar de vez a pendenga entre eles, mesmo porque Rita havia trocado Bernardo por um caminhoneiro e sumido na estrada.

Entre boas risadas eles tomaram juntos um refrigerante e marcaram u m a pescaria para relembrar os velhos tempos. N o s velhos tempos era possível encontrar nas lojas brasileiras mercadorias que mesmo custando mais caro do que o razoável, valia o preço que era pago, porque era a forma de matar as saudades de quem havia ficado para trás.

Cartões telefônicos, envio de dinheiro, remédios para todos os gostos e algumas doenças, jornais, revistas, passagens aéreas, envio de cargas, além de conselhos e orientação que o dono da loja sempre dava para quem o procurasse. Se o caso fosse comprar ou vender alguma bugiganga qualquer, ou alugar uma vaga num quarto ou numa casa há sempre um providencial mural onde pode-se obter de tudo, além dos onipresentes pedidos e ofertas de empregos e empregados.

Outros iam mesmo para simplesmente conversar e matar o tempo no final de tarde ou no fi m de semana onde a solidão bate com mais força. O tempo perdido ali era ganho com um novo amigo, ou até mesmo um namorado ou namorada. A lista de produtos a venda nas lojas brasileiras é interminável e a cada dia aumenta mais, mesmo que muitos supermercados americanos tentem fazer uma tímida concorrência vendendo alguns itens, é nas lojas que os brasileiros vão comprar o que precisam.

Se bem que a concorrência dos supermercados americanos fi zeram com que alguns preços baixassem. Em algumas das lojas brasileiras é possível ainda encontrar um ou outro ovo de páscoa ou até um panetone perdido do natal passado. E a coxinha, a empadinha, a pamonha, o caldo de canjiquinha e o de mocotó, que nenhum supermercado americano por mais que queira fazer concorrência com as lojas brasileiras jamais vai vender?

E vez por outra o dono da loja é convidado para ser padrinho de algum casamento. Foi isto o que aconteceu com o dono da loja onde Manoel e Bernardo se encontraram. Depois da pescaria Manoel apresentou Bernardo para Cristina, sua esposa que por sua vez apresentou a irmão Adriana, e meses depois eles colocaram no mural da loja o seu convite de casamento.

Logo, nestes tempos de isolamento por causa do coronavírus, nada como celebrar e agradecer a Deus pelas – nossas – lojas brasileiras. As homenagens e honras a todos os proprietários de lojas brasileiras que resistem bravamente a qualquer crise.

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