Da Redação – O México usará as disposições trabalhistas do pacto de livre comércio da América do Norte para garantir que os trabalhadores mexicanos indocumentados residentes nos Estados Unidos sejam vacinados contra a COVID-19, disse nessa quarta-feira o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard.
O Ministro das Relações Exteriores explicou em conferência que o Acordo de Livre Comércio México-Estados Unidos-Canadá (USMCA), em vigor desde julho de 2020, inclui capítulos trabalhistas que garantem proteção à saúde aos trabalhadores em países associados ao acordo, independentemente do seu status de imigração.
“A vacina é um direito trabalhista? Não, mas é um direito estabelecido que o trabalhador não deve ser exposto ao contágio”, explicou Ebrard quando questionado por jornalistas. “A aplicação da vacina é de responsabilidade de cada um dos dois países, e consideramos que qualquer exclusão de trabalhadores mexicanos, mesmos os indocumentados, é uma violação do acordo na seção sobre direitos trabalhistas e, portanto, estaríamos aplicando as disposições também acordadas entre os dois países, para que o México inicie os processos correspondentes” , disse o chanceler ao presidente Andrés Manuel López Obrador.
Ebrard disse que vai solicitar às novas autoridades dos Estados Unidos, que tomarão posse no dia 20 de janeiro, que cumpram “100 por cento” o preceito que consta do USMCA.
A fala do Chanceler é vista como uma reposta as declarações feitas na semana passada pelo governador do estado de Nebraska, Pete Ricketts, que lançou um programa para beneficiar os trabalhadores que atuam nos frigoríficos do estado para que estes também tenham prioridade na vacinação contra o COVID -19.
A produção de carne em Nebraska, faz parte da cadeia alimentar dos Estados Unidos é considerada uma tarefa essencial, e por isso essa atividade não foi interrompida no contexto da pandemia expondo seus trabalhadores a risco de contágio. Além disso, essa indústria tem uma forte presença de trabalhadores que vivem nos Estados Unidos sem documentos.
Quando um repórter perguntou ao governador Pete Ricketts sobre a vacina para indocumentados, ele respondeu: “Para trabalhar nessas fábricas, você deveria ser residente legal no país […] Portanto, não espero que os imigrantes recebam a vacina como parte desse programa ”.
Diante da polêmica que seu comentário desencadeou, o diretor de comunicação, Taylor Gage, esclareceu que a vacinação não será negada a indocumentados, por outro lado “Nebraska vai priorizar cidadãos e residentes legais em detrimento de imigrantes ilegais” .
Segundo estimativas do governo do México, 38 milhões de mexicanos vivem nos Estados Unidos e mais de 1 milhão de americanos residem no México.
Os Estados Unidos e o México passam atualmente o segundo pico da pandemia.
