Biden Imigração Internacional

Prisões na fronteira dos EUA com México superam 1 milhão e batem recorde

REUTERS – Mais de um milhão de pessoas foram presas tentando atravessar a fronteira dos EUA com o México de janeiro a junho, segundo estimativas divulgadas pela patrulha de fronteira americana nesta sexta-feira (16).

O número supera todas as estimativas anuais de detenção registradas desde 2005. Somente em junho, foram 178 mil prisões, aumento de 3% em relação ao mês anterior. O levantamento também mostra que a cifra de migrantes viajando com a família cresceu, assim como o de crianças desacompanhadas, foram 15 mil em junho, e agentes calculam que já sejam 600 por dia neste mês.

A alta é mais um revés para o governo de Joe Biden em relação à questão migratória. O democrata assumiu a Presidência dos EUA com a promessa de criar novas vias para a imigração legal e melhorar o processo de pedidos de asilo. Já em janeiro, a Casa Branca anunciava como uma de suas prioridades “reverter as políticas de imigração draconianas da administração anterior [de Donald Trump]”.

Mas é justamente uma das políticas de Trump que parece estar intensificando o fluxo na fronteira. Além da crise econômica no México e em toda a América Latina durante a pandemia, autoridades dos EUA veem em uma medida estabelecida pelo republicano o combustível para o aumento das travessias.
A política conhecida como “Título 42”, de março de 2020, facilita a expulsão imediata de pessoas que tentarem entrar no país violando restrições de viagens ou de forma ilegal, sem permitir que busquem asilo.

A regra estaria impulsionando os casos de pessoas que cruzam a fronteira várias vezes para tentar escapar da captura. Como a medida fala emexpulsão”, e não emdeportação”, migrantes sequer têm o direito de apresentar seu caso à Justiça, e a maioria é devolvida ao México em poucas horas.

“O grande fluxo está sendo impulsionado por travessias reincidentes”, disse Cris Ramon, consultor de política de imigração que trabalha com o Instituto George W. Bush, ao Wall Street Journal.

A gestão Biden tem sido pressionada a extinguir a medida por ONGs de direitos humanos, sob o argumento de que ela viola a lei ao enviar migrantes de volta a locais em que correm perigo sem que tenham a chance de defender seus casos. Somente em junho, 104.907 pessoas foram expulsas pela patrulha da fronteira sob o guarda-chuva do “Título 42”.

Há uma semana, respondendo a pressões, Biden aliviou as restrições a migrantes grávidas, puérperas ou lactantes. Com a medida, os EUA deixaram de prender imigrantes que tiveram filhos há menos de um ano ou que ainda estejam amamentando, a não ser em casos específicos –se a pessoa detida oferecer risco iminente de violência ou morte ou se apresentar ameaça à segurança nacional.

A intensificação do fluxo na fronteira também levou o México a adotar novas medidas, e algumas delas podem ser sentidas por brasileiros. Em maio, o país quadruplicou a rejeição de brasileiros em aeroportos para evitar a migração aos EUA.

De janeiro a abril, 1.846 viajantes desta nacionalidade tiveram sua entrada negada em aeroportos mexicanos, ou 2,3% do total dos visitantes. É quatro vezes o número das rejeições no mesmo período em 2020 e também em 2019, no pré-pandemia –e, segundo as autoridades, ainda há subnotificação.

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