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Humilhação: boxeador brasileiro fica 24h detido na imigração mexicana, impedido de lutar, perde cinturão

Da Redação com G1
O que era para ser a realização de um sonho se tornou um pesadelo na vida do boxeador Paulo Soares. Ele deixou a cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, rumo a Los Mochis, no México, onde defenderia o título de atual campeão latino-americano pela Organização Mundial de Boxe (WBO), contra o anfitrião e desafiante Alan Solis, em luta marcada para ser realizada nesta quinta-feira.

Barrado na imigração na cidade do México, porém, Paulinho, como é conhecido, não apenas se viu impedido de lutar, como ainda permaneceu 24 horas detido no aeroporto da capital mexicana e com o celular confiscado. Ele atribui o problema à negligência das autoridades mexicanas e diz não ter recebido nenhuma explicação oficial sobre a proibição. A limitação de estrangeiros no país em virtude da pandemia pode ser uma delas.

“Na imigração, me chamaram para uma entrevista que nunca aconteceu. Me colocaram numa sala onde fiquei por duas horas e não podia nem conversar com eles, pois só me mandavam sentar. Depois fui conduzido para uma outra sala que mais parecia uma cadeia. Nunca estive em uma cela, mas já vi pela televisão. E fiquei lá por 24 horas aguardando o próximo voo de volta para o Brasil”, conta o boxeador.

O lutador garante possuir toda a documentação exigida pelo México para entrar no país, mas que um erro cadastral teria sido o principal motivo de ser barrado no aeroporto.

Paulinho revela que no tempo em que passou preso teve de dividir o espaço reservado para 14 pessoas com mais de 20, em pleno ápice da pandemia de coronavírus. Recentemente, o México passou por uma revisão nos dados de óbitos pela doença e ultrapassou o Brasil, com mais de 320 mil mortes.

“Tinha cerca de 20 pessoas e sete beliches. À noite chegaram mais pessoas, que ficaram deitadas no chão. Consegui pegar uma beliche, mas nada disso tira a humilhação que passei estando com meu cinturão ali. Tinha comida, água, mas era um lugar sinistro. Fui para defender meu título e tive que passar por essa humilhação da forma mais desumana que se pode imaginar. Foram 24 horas encarcerado”, disse.

Mas o que mais chateou o boxeador ainda estava por vir: ele perdeu o título sem sequer ter a oportunidade de subir ao ringue, já que o evento foi mantido com outro lutador em seu lugar.

“Essa é a maior sacanagem de todas. A WBO tomou essa decisão e os representantes do Conselho Nacional de Boxe não tiveram forças para falar algo. Não tem como eu contestar ou brigar com um órgão mundial. É algo que está longe da minha alçada”, desabafa.

Tradicionalmente, o campeão defende o cinturão dentro de casa, mas pela falta de apoio para a realização do evento no seu país natal, Paulinho aceitou participar do evento no território adversário. Ele precisou retornar ao Brasil em um voo fora da sua programação.

De volta a Sorocaba, o boxeador admite a decepção no momento, pois considera que tinha boas chances de vencer até mesmo por nocaute, mas se mostra disposto a recuperar o título.

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