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Jimmy Carter faz 95 anos como ex-presidente mais longevo dos Estados Unidos

COM R7 – É provável que você já tenha ouvido falar de Jimmy Carter, que governou os Estados Unidos entre 1977 e 1981. Ele completa 95 anos nesta terça-feira (1º) e é o mais longevo ex-presidente norte-americano da história. Dá até para dizer que o “título” lhe convém: Carter teve apenas um mandato e, de forma geral, suas virtudes no campo da política foram consideravelmente mais reconhecidas depois que ele deixou a Casa Branca.

“Houve uma reavaliação do governo dele após sua saída e, de forma geral, sua imagem se tornou bastante positiva”, endossa Pedro Pinheiro, doutor em História pela UFF (Universidade Federal Fluminense) e autor do estudo Para entender o fenômeno Carter: governo, partido e movimentos sociais num contexto de crise.

Na opinião do especialista, o grande legado de Carter para os Estados Unidos se concentra na política externa. “O governo dele acabou marcado pelo impacto positivo em processos de abertura política na América Latina e, principalmente, pela mediação do tratado de paz entre Israel e Egito”, acrescenta o historiador.

‘Outsider’ em Washington
Nascido e criado na Geórgia — onde cresceu em uma tradicional família fazendeira —, Jimmy Carter já havia sido governador e senador de seu estado quando foi eleito presidente pelo Partido Democrata, em 1976. “Ele era visto como ‘outsider’. Apesar desses cargos, não era político com ligações em Washington e sua campanha surpreendeu o grupo dominante dentro do próprio partido”, conta Pinheiro. As circunstâncias em que se deu a eleição se mostravam favoráveis à vitória de Carter. No início da década de 1970, os Estados Unidos foram tomados pelo escândalo de Watergate — série de vazamentos relacionados à corrupção que levaram à renúncia do então presidente Richard Nixon, do Partido Republicano.

“Havia um descrédito muito grande de Nixon e da política em Washington no geral. Também acontecia o fim da guerra do Vietnã, que foi um processo traumático para os Estados Unidos em relação à retirada das tropas. Isso gerou um desgaste na sociedade americana”, avalia Pedro Pinheiro.

Mandato conturbado
E, se no momento da eleição os ventos sopravam a favor de Carter, não é possível dizer o mesmo dos anos em que o democrata esteve na Casa Branca. “Ele assumiu o poder com uma taxa de desemprego muito alta nos Estados Unidos. A inflação não descia e o crescimento econômico era baixo”, diz o especialista.

Para completar a situação, o presidente encontrava dificuldades para cumprir as próprias promessas da campanha — em que declarou que defenderia os interesses do americano comum contra lobbies e grandes empresas: “Essa proposta de uma nova relação com o Congresso, de quebrar lobbies em Washington, foi muito bem vista, mas acarretou muitas dificuldades para ele em termos de articulação política”, pontua Pinheiro.
Com o chamado Segundo Choque do Petróleo, em 1979 — quando o Irã, segundo maior produtor mundial, passou por uma revolução fundamentalista e cortou a venda e a distribuição do produto —, o quadro se agravou ainda mais para o democrata, com temores de um racionamento energético nos Estados Unidos. “O episódio foi seguido pela crise na embaixada norte-americana em Teerã, invadida por estudantes iranianos que fizeram um grupo de pessoas reféns por mais de 400 dias entre 1979 e 1981. Foi um período longo que gerou muito desgaste para Carter. Na eleição seguinte, o republicano Ronald Reagan tentou representá-lo como um presidente fraco. Isso impactou gravemente a imagem dele”, resume o historiador.

“Mesmo o esforço, nos últimos anos de mandato, de resgatar uma política externa mais assertiva — o que, inclusive, levou à assinatura do Tratado de Paz entre Israel e Egito em Washington no ano de 1979 — não foi suficiente para reabilitar a figura de Carter como um governante forte.”

De fato, ele não foi reeleito em 1981, mas é consenso entre especialistas internacionais que suas qualidades acabaram ressaltadas no pós-presidência, principalmente depois da fundação do Carter Center — ONG sediada em Atlanta, na Geórgia, que atua na observação de processos eleitorais, faz o papel de mediação em crises globais e trabalha em processos de direitos humanos.

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