Esportes

De Canela: Robson’s Bar

Por: Alfredo Melo
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Era uma ilha de luxo, dentro de uma favela miserável. Robson o dono do bar, tinha três paixões, bar, luxo e futebol. O bar foi montado para atender a elite da favela, a turma que gosta de jazz (aqui Jaz) e a turma da indústria da perfumaria (cheirinho da lolo) e do talco (coca). O bar não fi cava devendo nada a nenhum bar de luxo de qual quer cidade do Brasil.

Comidas finas, bebidas honestas e atendimento VIP. A clientela só não encontrava um tipo de bebida, a velha e boa cachaça, pois Robson achava um sacrilegio, vender cachaça naquele oasis.

Com duas paixões resolvidas, Robson investiu no fute bol e montou uma verdadeira seleção de zona leopoldi nense, e começou a ganhar todas as competições que disputava. Robson era treinador do time e contava com o auxiliar-tecnico, Caja, conhecido como o “Luxemburgo da varzea”, que também exercia a função de espião. Como Robson, não conhecia muito de esquema tático e com os jogadores que tinha, principalmente, Chula o melhor camisa 10 da várzea, só se preocupava em distribuir as camisas. Uma coisa não podia ser negada, Robson era um grande estrategista.

A fama das exibições do time Robson’s Bar, extrapolou os limites do bairro de Braz de Pina e da zona da Leopoldina, da cidade do Rio de Janeiro e o levou a disputar o campeonato carioca amador em 1982, organizado pelo Departamento Autônomo da Federa cao Carioca de Futebol. Sem surpresas o Robson’s Bar, venceu a chave da zona da Leopoldina e se classificou para a semifinal contra o time do Rosita Sofia, campeão da chave da zona Oeste.

O Cerâmica do morro de Mangueira, venceu a chave da zona Cental do Brasil e o Humaitá, foi campeão da chave da zona Sul. O Robson’s Bar derrotou o Rosita Sofia e o Cerâmica, derrotou o Humaita e chegaram a final. A final do campeonato, desde o inicio, já estava marca da para o campo do Quartel de Marinheiros, na avenida Brasil, no bairro Circular da Penha, justamente ao lado da favela de Braz de Pina, ou seja, o Robson’s Bar, jogaria a final “em casa”. Com a chegada do time do Cerâmica, Cajá, o espião colou no time do Cerâmica e começou a trabalhar.

Em 15 minutos de escuta, Cajá conseguiu ouvir informações importantes e correu para informar ao Robson. Cajá disse que o treinador do Cerâmica sabia que quem desequilibrava no time do Robson’s Bar era o camisa 10, mas que não sabiam o nome do cara, nem quem era.

Rapidinho Robson chamou o camisa 8, Jacaré e mandou que ele trocasse de camisa com Chula, o camisa 10. Quando a partida começou, o Cerâmica colocou dois joga dores colados no camisa 10, o Jacaré e deixaram solto o camisa 8, Chula . Resumo do primeiro tempo, 3×0 para o Robson”s Bar, com três gols de Chula. Na saída do intervalo, Cajá, ouviu o treinador do Cerâmica dizendo que o camisa 10 era bom, mas não era “nenhuma maravilha”, bom mesmo era o camisa 8.

Informado mais uma vez por Cajá, Robson usou outra estratégia, retirou Jacaré que tinha levado muita pancada e retirou o Chula camisa 8, pra ninguém descobrir o seu segredo. Colocou dois cabeças de área e segurou os 3×0, garantindo o titulo.

Naquela noite, no Robson’s Bar, a festa foi de arromba, com muito talco e muito perfume, até quem não é de cheirar, cheirou..

Bem, até que enfim o Alfredo Melo assume a verdade que nunca quis calar: ele é o Gatinho Cruel, que agora sai de cena para dar lugar ao seu criador. Enorme criatura no sentido literal, na bondade, no caráter e no conhecimento profundo do futebol e das coisas boas da vida, inclusive pratos deliciosos. Ah, tem também a paixão pelo Botafogo cada dia maior

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