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Família: não apenas um grupo, mas um fenômeno social – Parte II

Por: Eliana Pereira Ignácio
Olá, meus caros leitores hoje vou dar continuidade ao tema iniciado na semana anterior Família: não apenas um grupo, mas um fenômeno social. Na última frase, da edição passada, foi falado que as transformações nos padrões familiares são consequência direta das transformações sociais, econômicas e políticas.

Prova disso está no desenvolvimento do modo de produção capital, mista, pois com a necessidade de mão de obra, criaram-se condições para a inclusão da mulher no mercado de trabalho, fato que contribui para mudanças em seu papel social. Assim, há uma questão que se coloca na contemporaneidade: Diante de tantos divórcios, casamentos tardios e pessoas mais velhas morando ainda com os pais, ou mesmo vários casamentos ao longo da vida unindo-se filhos de relacionamentos anteriores, a família enquanto instituição estaria desaparecendo? Na tentativa de esboçar uma resposta, talvez possamos afirmar que, obviamente, aquele sentido mais tradicional da palavra estaria sim em extinção.

Porém, tomando a família enquanto grupo e fenômeno social, é possível dizer que ela passa por uma forte reestruturação. O que está em declínio é a ideia de uma família composta por um casal heterossexual na qual, enquanto a mulher se restringe à esfera privada dedicando-se exclusivamente aos afazeres domésticos, ao homem cabe a esfera pública, da rua, do mundo do trabalho.

Neste padrão tradicional de família, a união entre os cônjuges era marcada, predominantemente, pela cerimônia religiosa do casamento, independentemente da religião, fato que contrasta com as uniões muito frequentes e pouco duradoras de agora, consequência direta do temor em relação ao compromisso mais sério, principalmente pelos jovens.

Também como sinal dessa reformulação dos padrões e arranjos familiares estão as famílias que se iniciam com casais homossexuais, o que acaba por gerar polêmica não apenas pelo fato da união em si mas, dados o preconceito e a intolerância existentes, mas também quando se cogita a adoção de crianças por eles, uma vez que no imaginário de boa parte das pessoas prevalece a ideia de uma família na qual os pais têm sexos diferentes.

Nestes novos padrões familiares, além da conquista de uma maior independência pelas mulheres em vários aspectos, elas casam-se e tornam- -se mães agora com mais idade, além de terem um número de filhos extremamente reduzido quando comparado aos níveis de décadas passadas. Dessa maneira, é importante considerar que, se a família é a base ou início do processo de socialização dos indivíduos, o que se torna fundamental é que ela seja estruturada de tal forma que o relacionamento entre seus integrantes seja pautado na harmonia e respeito entre seus pares, dada a importância e influência que tal grupo exerce na vida de cada um.

Logo, ao pensar na família enquanto grupo não se trata aqui de fazer uma apologia ao modelo do passado ou ao do presente, mas de propor a reflexão quanto aos desdobramentos de sua conformação e de suas transformações, uma vez que suas características refletem a sociedade de seu tempo, o que faz da família um fenômeno social. A

instituição social mais antiga da humanidade, um agrupamento por parentesco, o qual dá afinidade às pessoas que convivem, assim, uma protege a outra em razão do sentimento de afeto, carinho e pertencimento ao grupo. Em suma a família é o primeiro contato do indivíduo com o mundo, é onde são transmitidas experiências, repassadas normas e princípios, é o pilar de valores morais e éticos, reflexo em sua formação, em suas atitudes e seus atos.

A família sem dúvida nenhuma é a instituição que alicerça a vida na sociedade e, quando se reveste das características de uma Igreja doméstica, lugar de comunicação e de encontro com Deus, a família é manancial de vida, um saudável ambiente da vivência da fé e fonte de transmissão do mistério de Deus. Mas, se uma viúva tem filhos ou netos, que estes aprendam primeiramente a pôr a sua religião em prática, cuidando de sua própria família e retribuindo o bem recebido de seus pais e avós, pois isso agrada a Deus. 1 Timóteo 5:4 Até a próxima semana!!!

 

Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualifi cações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jsnewsusa.com

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