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Netanyahu deve recorrer a alianças políticas para se manter no poder em Israel

AFP – Os israelenses aguardam os resultados definitivos das eleições legislativas, a quarta em dois anos, para saber se a balança inclina para o lado de Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro mais longevo da história do país, ou de seu principal rival, Yair Lapid.

Na terça-feira (23) à noite, Netanyahu proclamou uma “vitória imensa” da direita nas urnas. Com 90% dos votos apurados, seu partido, o Likud, tem 30 cadeiras no Parlamento, seguido pelo Yesh Atid, de Lapid, com 17.

Aquele que foi o principal rival de Netanyahu há apenas alguns meses, Benny Gantz, com o qual formou um governo de união nacional que implodiu, conquistou apenas oito cadeiras.

Caso Netanyahu e Lapid se unam a seus aliados considerados lógicos, cada lado teria pouco mais de 50 deputados dos 120 no Kneset, o Parlamento israelense. Ou seja, nenhum deles chegaria aos 61 necessários para formar o governo.

Desta maneira, os olhares estão voltados para Naftali Bennett, cujo partido Yamina, que representa a direita radical, nacionalista e religiosa, conquistou sete cadeiras.

O ex-pupilo de Netanyahu – chefe de Governo desde 2009 – alimentou o mistério durante toda a campanha e até agora não se sabe se participaria em uma coalizão com “Bibi“, apelido do primeiro-ministro, ou contra ele, para afastá-lo do poder.

“Usarei o poder que vocês me deram para perseguir uma única ideia: o que é bom para Israel, o que é bom para todos os cidadãos de Israel”, disse Bennett em um discurso na terça-feira.

No domingo, ele compareceu a um programa de televisão e assinou uma declaração na qual se comprometeu a não participar de um governo liderado por Lapid, desde que Netanyahu não se alie ao deputado Mansour Abbas, que saiu da coalizão de partidos árabes e disputou as eleições de modo solitário.

Este político se declarou disposto a trabalhar com Netanyahu, o que provocou muitas críticas da comunidade de palestinos de Israel, que representam 20% da população.

Em Israel, os partidos devem obter no mínimo 3,25% dos votos nas eleições para conseguir entrar no Parlamento. Este percentual de votos representa o mínimo de quatro deputados.

Cenários possíveis

O pequeno partido de Abbas, que na terça-feira parecia não ter conquistado nenhuma cadeira segundo as pesquisas de boca de urna, conseguiu a eleição de cinco deputados e isto muda tudo.

“Nós fomos dormir com um empate e não tenho ideia do que nos espera hoje ao acordar”, resumiu o colunista Ben Caspit no jornal Maariv: “Tudo depende dos resultados finais (…) e sobretudo de Naftali Bennett. Se ele realmente é a figura-chave do momento dramático que vivemos, não tenho inveja”.

Para outro analista, Yaron Deckel, provavelmente Bennett pressionará o primeiro-ministro antes de dar seu apoio.

“Terá problemas para explicar a seus eleitores por quê não se une a um governo de direita e prefere aliar-se a um de partidos de esquerda”, opinou. “Mas vai procurar Netanyahu com grandes exigências e Netanyahu terá que pagar o preço”.

Entre os cenários possíveis, Bennett poderia pedir para ser uma espécie de vice-primeiro-ministro, um posto que seria criado a sua medida. Netanyahu, acusado de “corrupção” em vários casos, deve enfrentar uma nova audiência com os juízes em 5 de abril.

“Bennett pensa que talvez se isto pesar muito, Netanyahu poderia se ausentar em algum momento e ele poderia atuar como primeiro-ministro”, afirmou Deckel.

“Caça”

Para conservar o posto, Netanyahu iniciou a “caça” de apoios em outros partidos.

“Vou falar com todos que compartilham nossos princípios. Não descartarei ninguém”, disse o chefe de Governo, que estenderá a mão a uma direita radical e religiosa. Ele também pode se ver obrigado a recorrer a forças políticas a princípio incompatíveis como Naftali Bennett e Mansour Abbas.

No complexo quebra-cabeças político em que 13 partidos vão dividir 120 cadeiras, o bloco liderado pelo centrista Lapid precisará dos apoios de pelo menos dois de três partidos: Yamina de Naftali Bennett, Raam de Mansour Abbas e a Lista Árabe Unida de Ayman Odeh.

A Comissão Eleitoral deve anunciar os resultados finais até sexta-feira (26), pouco antes do início da Páscoa judaica. Em seguida começarão as negociações entre partidos para formar a maioria e evitar algo que muitos israelenses temem: as quintas eleições.

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