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‘Todas as pessoas que estavam nas ruas foram mortas’: imagens do massacre de Bucha chocam o mundo

RFI – Depoimentos de moradores de Bucha detalham as atrocidades cometidas pelas tropas russas durante pouco mais de um mês de ocupação. Vários líderes ocidentais e a ONU pedem que a Rússia seja julgada por crimes de guerra, mas Moscou nega qualquer responsabilidade no massacre.

Mais de 400 corpos de civis foram recolhidos das ruas de Bucha nos últimos dias, tomada pelas forças russas em 27 de fevereiro. A cidade foi palco dos piores combates desde que a Ucrânia foi invadida pela Rússia, em 24 de fevereiro.

A ucraniana Ira Gavriluk segura seu gato enquanto caminha ao lado dos corpos de seu marido, irmão e outro homem, que foram mortos fora de sua casa.
Foto/Felipe Dana

Com a retirada recente dos soldados russos do local, os bombardeios cessaram e cenas macabras foram descobertas, como cidadãos mortos com as mãos amarradas nas costas, cadáveres de motoristas esmagados por tanques dentro de seus carros e dezenas de pessoas jogadas em valas comuns.

Alguns moradores ajudam a recolher os corpos pelas ruas e não escondem o horror ao reconhecer familiares e amigos entre as vítimas. Anatoliy Fedoruk, prefeito desta cidade que tinha 36 mil habitantes antes da guerra, aponta Moscou como o responsável pelo massacre. Equipes de jornalistas puderam fazer imagens no local e conversaram com os sobreviventes.

“Tenho medo que eles voltem”, diz uma moradora de Bucha, sob anonimato, à reportagem da TV francesa France 2. “Todas as pessoas que estavam nas ruas foram mortas. Estávamos aterrorizados para sair, porque se os russos nos viam, atiravam na gente”, diz.
Entre os mortos, pessoas de bicicleta, várias delas, idosas. “Eles paravam as pessoas sem nenhuma razão e as assassinavam”, afirma um outro morador, que afirma ter visto vizinhos serem perseguidos e serem alvo de foguetes.

O vice-chanceler e ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, denunciou, no domingo (3), um “terrível crime de guerra” em Bucha e também pediu novas sanções econômicas por parte dos países da União Europeia (UE) contra a Rússia.

Os corpos de 410 civis foram removidos de cidades da área de Kiev que foram recentemente retomadas das forças russas. REUTERS/Zohra Bensemra

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, evocou um possível “genocídio” na cidade. Ele denunciou uma “agressão injustificada” da parte do presidente russo, Vladimir Putin, “que trouxe a guerra para as portas da União Europeia”.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, fez um apelo em prol da criação de uma comissão de investigação internacional. “Esses massacres sangrentos cometidos pelos russos, por soldados russos, merecem ter classificados pelo que são. É um genocídio e precisa ser julgado”, declarou.

O Reino Unido também alertou que não permitirá que “a Rússia esconda o seu envolvimento nessas atrocidades por meio de desinformação cínica”. Em um comunicado, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que as imagens de Bucha “são uma prova a mais que Putin e seu exército cometem crimes de guerra na Ucrânia”.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, classificou os autores das mortes como “assassinos, torturadores, estupradores e ladrões”.

“O mal absoluto invadiu nossas terras”, afirmou, pedindo que “todos os dirigentes da Federação Russa vejam como suas ordens são executadas”.

Os corpos de dois homens estão em um caminho de terra em Bucha, Ucrânia, depois de serem mortos pelas forças russas.
Foto/Vadim Ghirda

Rússia denuncia “uma farsa”
Moscou recusa as acusações e classifica as atrocidades como uma “farsa” armada pelos governos americano e ucraniano para incriminar a Rússia. “Quem são os maestros desta provocação? Evidentemente os Estados Unidos e a Otan”, afirmou Maria Zakharova, porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores.

Segundo ela, o objetivo de Washington é “sujar a reputação da Rússia”. Outras autoridades russas afirmam que os vídeos e as fotos que mostram dezenas de civis mortos pelas ruas de Bucha são uma “encenação” da parte de “extremistas ucranianos” para perturbar as negociações de paz entre Moscou e Kiev.

A Rússia também pediu uma reunião no Conselho de Segurança da ONU para tratar do que considera como “provocações raivosas”.

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