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PF prende homem suspeito de liderar esquema de imigração ilegal em Minas Gerais para os EUA

Da redação (com O Globo e CNN Brasil) – A Polícia Federal prendeu, na última sexta-feira, Vanildo Moura de Paula, considerado um dos principais líderes de imigração ilegal em Minas Gerais. Foragido há cerca de um ano e meio, quando teve sua prisão preventiva decretada, Vanildo foi encontrado em uma de suas propriedades rurais na região de Tarumirim (MG). Seu irmão, Heli Moura de Paula, ex-vice-prefeito do município, segue foragido. Segundo a PF, ele diz que não irá se entregar. Os dois são investigados por participação em um esquema de tráfico de pessoas que envia brasileiros para atravessar a fronteira do México com os Estados Unidos de forma ilegal, com a ajuda de “coiotes“.

A prisão preventiva de Vanildo Moura foi decretada no âmbito da Operação Cai Cai, em 2020. O nome diz respeito a uma das modalidades de imigração ilegal recorrentes na região do leste de Minas. Nela, um adulto cruza a fronteira americana acompanhada de uma criança, em geral familiar. Com isso, pode responder ao processo de extradição em liberdade.

Polícia Federal apreendeu nota promissória com um dos coiotes em uma operação em dezembro de 2020
Foto: Polícia Federal/Divulgação

A PF calcula que pelo menos 1200 pessoas foram enviadas ao exterior por Vanildo e Heli de Moura. Mediante um pagamento que podia chegar a US$ 20 mil (cerca de R$ 100 mil), a dupla fazia os arranjos para levar as vítimas até a fronteira do México com os Estados Unidos, onde a arriscada travessia era feita.

Isso incluía a compra de passagens aéreas para o México, o traslado no país e a propina cobrada pela polícia de imigração mexicana, que podia chegar a US$ 100, além do pagamento aos mexicanos responsáveis por levar os imigrantes até a fronteira, os coiotes.

Segundo a fontes ouvidas pela reportagem, Heli e Vanildo seriam donos de cerca de 3 mil cabeças de gado e de várias propriedades rurais na região de Tarumirim, que os investigadores suspeitam tenham sido usadas para lavar dinheiro.

Segundo a PF, Heli e Vanildo recusavam serem chamados de coiotes, como os mexicanos. Pelo contrário, preferiam o título de cônsul. Outros membros da família também fariam parte da organização criminosa ou teriam seus próprios esquemas de contrabando humano, segundo apontaram as investigações da Polícia Federal. Conhecido na região, o status de Heli Moura como ex-vice-prefeito de Tarumirim o ajudaria no negócio ilegal:

“Quanto mais famoso, mais referência a pessoa for na sociedade, mais ele vai ser procurado pois as pessoas vão ter confiança nela”, diz o delegado Daniel Ottoni, que atua em Governador Valadares, ressaltando ainda que a prática criminosa é socialmente aceita na região mineira: “Muitas pessoas não acham que é crime. É tudo muito aberto, até porque o crime (de tráfico de pessoas) só foi criado em 2016”.

A defesa da dupla foi procurada pela reportagem, mas ainda não se manifestou. O espaço segue aberto.

Perigos da travessia
As rotas para a travessia ilegal podiam variar conforme o perfil físico de cada cliente, segundo a Polícia Federal. Os relatos, porém, obtidos pela PF com quem se arriscou no trajeto, muitas vezes sem sucesso, dão conta da presença do narcotráfico mexicano, além de outros riscos. Muitos se recusam a comentar por temerem represálias.

Pais acompanhados de filhos dizem terem passado dias sem comida, e a travessia é feita na presença de criminosos fortemente armados. Por vezes, os imigrantes são usados também para o transporte de drogas.

“Eles usam a mesma macrorregião do tráfico de droga. E um só atua se o outro permitir. Desses valores que são pagos aqui boa parte é para recepcionar, manter as pessoas no México, aguardando. Ficam lá juntando um grupo de quantidade adequada até fazer a travessia”, diz o delegado Daniel Ottoni, que atua em Governador Valadares.

Em 2020, pelo menos oito brasileiros morreram tentando fazer a travessia. Um deles, segundo a PF, estaria em uma viagem organizada por Vanildo.

 Nota promissória de 90 mil reais
A Polícia Federal apreendeu durante uma operação realizada em dezembro de 2020, em Caratinga (MG), uma nota promissória no valor de R$ 90 mil. O documento estava na casa de Vanildo Moura de Paula, apontado como coiote, pessoa responsável por fazer a travessia ilegal de imigrantes pela fronteira do México com os Estados Unidos.

A dívida foi feita por um brasileiro que tentou entrar ilegalmente no território americano. Na gaveta do armário da sala da casa de Vanildo, os agentes federais encontraram quatro talões de notas promissórias em branco.

A batida dos agentes da Polícia Federal faz parte da operação “Lei do Retorno”. Foram cumpridos três mandados de busca e apreensão nas cidades de Caratinga e Tarumirim. A ação visa o desmonte de uma quadrilha especializada no tráfico de pessoas.

As informações são do O Globo e CNN Brasil

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