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Manifestantes protestam pelo 3º dia nos EUA após morte de jovem negro em abordagem policial

AFP – Manifestantes voltaram a protestar e a enfrentar as forças de segurança pelo terceiro dia seguido em Brooklin Center, no subúrbio de Mineápolis, após a morte de um jovem negro de 20 anos durante uma abordagem policial no Minnesota.

A morte de Daunte Wright no domingo (11) ocorreu a cerca de 15 km de onde George Floyd foi morto, em maio do ano passado e durante o julgamento de Derek Chauvin, ex-policial que o asfixiou até a morte.

As forças de segurança mais uma vez usaram bombas de efeito moral para dispersar centenas de manifestantes na noite de terça-feira (13), e eles responderam atirando objetos contra os agentes.

Mais cedo, as famílias de George Floyd e Daunte Wright, devastadas pela dor e revolta, uniram suas forças para pedir o fim da violência policial nos Estados Unidos.

“O mundo está traumatizado ao ver outro afro-americano sendo morto”, afirmou Philonise Floyd, irmão de Floyd, durante uma coletiva de imprensa na qual ambas famílias compartilharam a dor por enfrentar o “impensável“.
A polícia classificou a morte de Wright como “acidental” e divulgou o vídeo da abordagem, em que a policial que atirou no jovem grita “taser” três vezes, mas saca a sua arma de fogo e atira.

O advogado Jeff Storms refuta a versão da polícia. “Acidente é derramar um copo de leite, não é acidente sacar uma arma. Não é acidente apontar uma arma para alguém, nem é um acidente ignorar o fato de que o que você tem na mão não pesa o mesmo que um taser”.

Em meio aos protestos, a policial que atirou e o chefe da polícia local renunciaram. A policial Kim Potter tinha 26 anos de carreira na corporação e disse em nota que sua saída “era de maior interesse da comunidade e do departamento”.

O prefeito de Brooklyn Center, Mike Elliott, disse que aprovou o pedido de demissão da policial e afirmou não ter certeza se Potter fez isso já sabendo que seria demitida. “Temos que assegurar que a Justiça será feita. Daunte Wright merece isso, a família dele merece isso”, disse o prefeito.

Para o ativista Toshira Garraway, a morte de Wright é mais exemplo da brutalidade policial e discriminação sistêmica contra negros.

“Queremos que o mundo saiba que esses não são incidentes isolados”, afirmou Garraway durante o protesto. “George Floyd e Daunte Wright são o rosto de centenas de assassinatos aqui no estado de Minnesota”.

Julgamento de Floyd
A morte de Wright exacerbou a tensão no subúrbio de Mineápolis no momento em que a região já está sob tensão por causa do julgamento de Derek Chauvin, ex-policial acusado de matar George Floyd.

Em uma abordagem policial, Chauvin ajoelhou-se sobre o pescoço de Floyd, que já estava algemado, asfixiando-o até a morte. Ele havia sido detido por suspeita de usar uma nota de 20 dólares falsa em um mercado.

A morte de Floyd despertou uma onda de protestos em todo o mundo por igualdade racial e contra a violência policial, impulsionando o movimento “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam) e a discussão sobre racismo.

George Floyd repetiu “eu não consigo respirar” por 27 vezes enquanto Chauvin o sufocava, durante 9 minutos e 29 segundos. O ex-policial de Minneapolis se declarou inocente e pode pegar até 40 anos de prisão se for condenado pela acusação mais grave.

Estratégias de acusação e defesa
A defesa de Chauvin chegou a pedir ao juiz que conduz o julgamento que o júri fosse isolado, alegando que eles poderiam ser influenciados pela morte de Daunte Wright. Mas o pedido foi negado.

O julgamento está na terceira semana e entrou em uma nova fase, com a apresentação da defesa do ex-policial.

A tese do advogado de Chauvin é que seu cliente respeitou as regras das forças da ordem e que a morte de Floyd foi influenciada pelo fentanil encontrado em seu sangue e outros fatores de saúde.

A tese da acusação, que tomou as duas primeiras semanas do julgamento, é que a saúde de Floyd não influenciou em sua morte e ela foi causada porque Chauvin usou força excessiva e desproporcional e não seguiu os protolocos da polícia.

Desde o início do processo, familiares de Floyd denunciam uma tática para manchar sua memória. “O processo é contra Derek Chauvin, não contra George Floyd”.

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