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Incêndios no Pantanal e no Amazonas podem ser a causa da chuva preta no Rio Grande do Sul

ESTADÃO & ANSA –
Moradores de São Francisco de Assis, no interior do Rio Grande do Sul, relataram ter coletado água de coloração escura durante as chuvas que atingiram a região no fim de semana. Especialistas ouvidos pela RBS TV, afiliada da TV Globo no estado, afirmaram que o fenômeno pode ser resultado das queimadas que atingem o Pantanal. “Teve chuva ontem e eu coletei, estava um pouco suja, daí joguei fora. Hoje [domingo] veio essa água ainda mais escura“, contou Ivete de David à emissora. Segundo a moradora, foram três baldes de água turva — que, apesar da cor escura, não tem cheiro.

Na sexta-feira (11), imagens de satélite do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) já mostravam uma imensa mancha branca de fumaça, causada pelos incêndios no Pantanal e também na Amazônia, que encobria países vizinhos e alcançava estados do Sudeste e do Sul, como São Paulo e Paraná, em rotas de mais de 3 mil quilômetros de extensão. No Rio Grande do Sul, de acordo com a Somar Meteorologia, a cor da água da chuva pode ser resultado das queimadas no Pantanal. “A gente pode dizer que a chuva ‘lavou’ a atmosfera e, ao cair, ela vem com essa cor, essa sujeira. Na verdade, são fuligens que acabaram fazendo com que a chuva se tornasse mais escura“, explicou a meteorologista Cátia Valente à RBS TV.

Também consultado pela emissora, o coordenador do Gruma (Grupo de Modelagem Atmosférica) de Santa Maria, Vagner Anabor, disse não ser possível cravar que a sujeira vem da fuligem das queimadas, mas reforçou que há chances de os dois fenômenos estarem, sim, relacionados. “O vento de grande escala está soprando de leste e descendo para o sul, em direção ao Rio Grande do Sul. Quando essa fumaça [das queimadas] vem sobre a nossa regiã, e entra na área de chuva, ela se combina com a umidade e é ‘lavada’. Isso [a fuligem] chega em superfície, realmente, e é levada pelas gotas“, explicou.

Pantanal em chamas

Os incêndios na área do Pantanal aumentaram 210% neste ano em comparação com o mesmo período de 2019, segundo relatório publicado hoje pelo Inpe. Entre 1º de janeiro e 12 de setembro, o número de focos de calor chegou a 14.489 — contra 4.660 em 2019. Mesmo a três meses do fim de 2020, esse já é o ano com o maior índice de queimadas para o bioma. O recorde anterior era de 2005, quando foram registrados 12.536 incêndios, sendo que os números começaram a ser medidos em 1998.

A situação é tão grave que levou o governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), a decretar situação de emergência. Ao menos 79 municípios do estado e 1,4 milhão de hectares foram atingidos, incluindo áreas de proteção ambiental e de preservação permanente. “A situação de emergência vai durar por 90 dias. Isso fortalece ações conjuntas das Defesas Civil estadual e federal. Planos de trabalho vão nortear as ações de combate aos incêndios florestais em todos os 79 municípios, incluindo questões financeiras, de contratação de brigadistas, aluguel de aeronaves e até de custear equipes de outros estados que virão para trabalhar. É uma ação conjunta“, informou.

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