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Coordenadora da equipe de enfrentamento a pandemia de Trump diz que ações do governo custaram vidas

JSNEWS – A Dra. Deborah Birx, ex-integrante da equipe de combate ao Covid-19 durante a gestão de Donald Trump na Presidência dos Estados Unidos falou  ao programa “Face the Nation” da CNN neste domingo 28, e disse que a estratégia de enfrentamento a pandemia foi ineficiente, repleta de discórdia, brigas internas e mentiras.

Deborah disse que era a única pessoa na Casa Branca trabalhando em tempo integral no enfrentamento ao Covid-19 enquanto a epidemia matava mais americanos do que qualquer guerra nos últimos 150 anos.

A médica também disse que não podia falar dos riscos da doença abertamente com a imprensa ou recomendar medidas de prevenção como representante oficial da Casa Branca. Perguntada se foi alvo de censura, respondeu: “É evidente que alguém estava me impedindo”.

Deborah disse ter recebido um telefonema do ex-presidente Trump logo após ter falado dos riscos da pandemia à CNN em agosto de 2020. Segundo medica, o Donald Trump estava muito furioso com o teor de suas declarações. “Todo mundo na Casa Branca ficou chateado com aquela entrevista”, disse a médica e afirmou que, durante o ano passado, conversou com líderes estaduais e locais sobre o uso de máscara de proteção e distanciamento social. “Meu entendimento foi que eu não podia fazer algo a nível nacional porque o presidente poderia ver”, disse.

A médica está apenas revelando alguns detalhes da má administração do ex-presidente na gestão da crise sanitária e mesmo durante a entrevista ela evitou fazer criticas contundentes ao governo Trump. Ela descreveu apenas suas frustrações e  reconheceu que também foi omissa. “Eu poderia ter feito mais, sido mais franca, talvez falado mais publicamente“, disse ela.

O que dizem especialistas sobre a gestão do combate ao Covid pela administração Trump

Anthony Fauci disse que as exigências de Trump para a reabertura do país violaram o aviso de especialistas em saúde. Ele as classificou como “um soco no estômago”. O médico é o principal especialista em doenças infecciosas do governo e atualmente conselheiro do presidente dos EUA, Joe Biden.

Robert R. Redfield, ex-diretor do CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) acusou Alex M. Azar III, que atuou como secretário de Saúde de Trump, e sua equipe de pressioná-lo a revisar relatórios científicos. “Ele pode negar isso agora, mas é verdade”, disse. Azar, em comunicado, negou.

Redfield disse que o entendimento da Casa Branca era que aumentar o número de testes traria impacto negativo à imagem de Trump, pois o número de infectados cresceria.

Essa declaração foi corroborada pelo almirante Brett P. Giroir, responsável pela gestão dos testes durante o governo do republicano. Segundo ele, o governo não fez tantos testes quanto os altos funcionários da gestão republicana disseram. “Quando dissemos que havia milhões de testes, não havia”, afirmou. “Havia componentes do teste disponíveis, mas não o teste completo”.

Stephen K. Hahn, ex-comissário da FDA (Food and Drug Administration), afirmou que seu relacionamento com Azar se tornou “tenso” depois que o agora ex-secretário de Saúde revogou o poder da agência de regular testes de coronavírus. “Essa foi uma linha vermelha para mim”, falou Hahn.

Um relatório publicado em 11 de fevereiro na revista científica The Lancet mostrou que as ações de Trump fizeram com que a situação do país diante da pandemia de covid-19 piorasse. Pesquisadores avaliaram que aproximadamente 40% das mortes por covid-19 nos Estados Unidos poderiam ter sido evitadas. O grupo levou em conta a taxa de mortalidade de 6 países que integram a lista das principais economias mundiais, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido.

“Em vez de galvanizar a população dos EUA para lutar contra a pandemia, o presidente Trump rejeitou publicamente sua ameaça, apesar de reconhecê-la em particular, desencorajou a ação à medida que a infecção se espalhou e evitou a cooperação internacional”, lê-se no relatório da revista científica.

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