JSNEWS – Ter salários cada vez maiores soa bem para qualquer trabalhador; no entanto, nas economias desenvolvidas isso também significa que aumentar salários nominalmente também é aumentar, e nos Estados Unidos a inflação atingiu seu maior índice dos últimos 40 anos.
O fenômeno em que uma maior renda para os trabalhadores alimenta pressões inflacionárias não é visto nos estados Unidos desde a década dos anos de 1970.
O que acontece é um fator inflacionário combinado, no qual a alta inflação leva ao aumento dos salários e, consequentemente, a um aumento dos gastos e dos preços.
Mas isso também tem a ver com as características extraordinárias do mercado de trabalho, em que os salários se tornaram a moeda de troca para os trabalhadores.
Isso seria um reflexo do porquê os Estados Unidos registra sete meses consecutivos com mais de 10 milhões de empregos disponíveis.
Somente em fevereiro passado, o mercado de trabalho tinha 11,3 milhões vagas disponiveis, contra 7,7 milhões em fevereiro de 2020, pouco antes da pandemia coronavírus.
Em meio a esse cenário, pelo menos 4,4 milhões de americanos, 2,9% da força de trabalho, abandonaram seus empregos em fevereiro, segundo dados do Departamento do Trabalho.
A combinação de uma oferta de vagas que excede em muito o número de trabalhadores que buscam emprego resulta em aumentos nas ofertas salariais.
De acordo com o rastreador salarial do Federal Reserve Bank of Atlanta, em março, o crescimento anual dos salários do trabalhador médio atingiu 6% em março, o que significa 3,4% a mais em relação a março de 2021.
Especialistas acreditam que esse fenômeno de altos salários e alta inflação pode levar a uma “espiral de preços e salários”, em que quanto mais você ganha, mais bens e serviços custam.
Fed vê cautelosamente mercado de trabalho vibrante
Uma das vozes mais ativas durante o período inflacionário recente é a do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que está preocupado com o estado do mercado de trabalho.
“É muito ‘quente’. Esse ‘calor’ é insustentável”, disse Powell em uma reunião entre o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial na semana passada sobre o status do mercado de trabalho dos EUA.
Enquanto isso, os trabalhadores americanos continuam a ser encorajados a abandonar seus empregos e a buscar novos empregos com melhores salários.
Pelo menos 47,95% dos trabalhadores que mudaram de empregador nos últimos meses receberam um aumento salarial de 11% ou mais, de acordo com uma pesquisa realizada pela ZipRecruiter. Além disso, 22%, destes trabalhadores receberam para mudarem de empregador; uma prática quase inexistente antes da pandemia.
