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Cartaz xenófobo em Portugal oferece pedras para atirar em estudantes brasileiros

ESTADÃO – Um cartaz xenófobo contra estudantes brasileiros abriu uma crise nesta segunda-feira, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (UL), a mais tradicional instituição de formação de advogados de Portugal. Os dados oficiais apontam que, dos 5.488 alunos da Faculdade de Direito, 1.227 são brasileiros.

Um grupo de estudantes portugueses colocou um cartaz oferecendo pedras grátis para atirar em alunos do Brasil. “Grátis se for para atirar a um zuca (que passou à frente no mestrado)”, indicava o texto sobre uma caixa com pedras. Zuca é uma gíria para se referir a brasileiros. Estudantes estrangeiros prometem uma grande manifestação na porta da faculdade na quinta-feira, 2 de maio, para pedir medidas contra a xenofobia.

Na tarde desta segunda, a estudante brasileira Flora Almeida, que faz mestrado em Direito Fiscal na UL, viu a suposta brincadeira. “Primeiro, fui falar com eles, questionar, mas me disseram que era uma piada. Então tirei foto, para mostrar nos grupos que faço parte. Depois, até quiseram me ‘explicar’, mas eu disse que precisavam se explicar para a direção da faculdade.”

A direção pediu a retirada imediata do cartaz e divulgou uma nota que, apesar de reafirmar o respeito da instituição à “diversidade cultural, étnica e de proveniência”, informava que a faculdade convive com “a autocrítica, o humor e a sátira”, sem citar medidas disciplinares.

O caso, contudo, chegou até o reitor da universidade, António Cruz Serra, que anunciou à agência Lusa a instauração de um processo disciplinar. A direção da faculdade de Direito marcou para a manhã de terça-feira uma reunião com os representantes discentes dos brasileiros. “Este é mais um episódio de xenofobia de portugueses contra alunos estrangeiros. Os ânimos ficaram acirrados hoje, mas estamos satisfeitos com a resposta da Universidade”, salientou Elizabeth Matos Lima, aluna de mestrado da instituição e presidente do Núcleo de Estudos Luso-Brasileiros (Nelb).

Estudantes brasileiros queixam-se da discriminação também por parte de docentes – “Teve um professor que humilhou uma turma inteira, dizendo que os brasileiros não eram comprometidos, que só querem viajar e passear. Felizmente ele acabou suspenso”, relatou um aluno.

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