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Biden assina decreto para revisar cadeias de suprimentos e diminuir dependência externa

JSNEWS – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pedirá, por meio de um decreto que será assinado nesta quarta-feira, uma revisão das cadeias de abastecimento do país. A medida busca acabar com a dependência americana da China e de outros países adversários para bens essenciais. O processo, no entanto, levará meses e não oferecerá uma solução imediata para um déficit de semicondutores que paralisou a produção de automóveis em várias fábricas.
A medida, que faz parte do plano de 100 dias de Biden para revisar políticas das gestões passadas, vai cobrir chips, mas também incluirá baterias de grande capacidade, produtos farmacêuticos e minerais essenciais, além de materiais estratégicos como terras raras, segundo informaram autoridades americanas sob condição de anonimato.

A questão ganhou urgência com uma escassez global de chips que forçou algumas montadoras dos Estados Unidos a paralisar suas produções. As interrupções no fornecimento ameaçam prejudicar o crescimento econômico dos EUA e podem levar a demissões, o que gerou preocupação na Casa Branca, no momento em que Biden busca reconstruir uma economia atingida pela pandemia do novo coronavírus.

O decreto que Biden assinará nesta tarde não visa diretamente a China ou qualquer outro país, mas se concentra na diversificação da oferta de forma mais geral, segundo disseram as autoridades. Ainda assim, elas afirmaram que uma dependência excessiva dos produtos chineses e de outros adversários para bens essenciais é um risco-chave que deve ser enfrentado.

A revisão de Biden pode levar a incentivos financeiros, tarifas ou mudanças nas políticas de compras, entre outras opções, disse um dos funcionários. O governo planeja considerar maneiras de incentivar a produção de itens essenciais nos EUA ou trabalhar com aliados para fabricar os produtos, acrescentou.

Antes de assinar a medida, o presidente americano vai se reunir com um grupo de parlamentares de ambos os partidos na Casa Branca para discutir a escassez de semicondutores e formas de fortalecer as cadeias de abastecimento.

O líder da maioria no Senado, o democrata Chuck Schumer, disse que está pedindo aos principais deputados de seu partido e do Republicano para que elaborem uma legislação destinada a melhorar a competitividade dos Estados Unidos em relação à China em manufatura e tecnologia, incluindo o aumento do fornecimento de semicondutores feitos nos país.

O principal conselheiro econômico de Biden, Brian Deese, buscou na semana passada a ajuda do governo de Taiwan para resolver a escassez de chips que está atrapalhando a produção automotiva dos EUA e começando a se espalhar para outras indústrias. Seu apelo seguiu pedidos anteriores de autoridades japonesas e europeias pela ajuda da nação asiática para garantir o abastecimento.

O governo Biden também pediu às embaixadas dos Estados Unidos em todo o mundo que identifiquem como os países estrangeiros e empresas que produzem chips podem ajudar a resolver a escassez global e mapear as medidas tomadas até o momento.

A escassez de chips está ligada em grande parte à pandemia. A época de home office causada pelo coronavírus empurrou a demanda além dos níveis projetados pelos fabricantes de chips. As quarentenas e ordens de ficar em casa aumentaram as vendas de produtos como laptops e equipamentos de rede doméstica.

A indústria de semicondutores tem pressionado o presidente para incluir incentivos fiscais e outros incentivos financeiros em seu próximo pacote legislativo para estimular investimentos e pesquisas nos EUA — um esforço que levará meses para ser aprovado no Congresso.

Segundo as autoridades, o decreto de Biden também direcionará análises específicas da indústria com foco em defesa, saúde pública e prevenção biológica, tecnologia de comunicação da informação, transporte, energia e produção de alimentos. Essas avaliações, a serem concluídas dentro de um ano, serão modeladas após análises que o Departamento de Defesa usa para avaliar regularmente a base industrial de defesa dos EUA.

A fabricação de mais medicamentos e suas matérias-primas nos EUA pode passar por um processo de aprovação de anos para iniciar a produção em novas fábricas. Isso também pode levar a um aumento nas emissões de óxido de etileno, um produto químico cancerígeno usado para esterilizar vidros e frascos.

Não está claro exatamente quanta fabricação de produtos farmacêuticos é feita no exterior porque as empresas do setor não precisam divulgar onde os medicamentos são produzidos. Em 2019, 72% das instalações que fabricam ingredientes farmacêuticos ativos para o mercado americano estavam localizadas em outros países, de acordo com dados da FDA, a agência reguladora dos EUA.

A equipe de Biden vai tirar lições da crise atual de chips e da escassez de equipamentos de proteção individual que assolou os EUA no ano passado, disse um dos funcionários. O decreto desta quarta-feira foi elaborado para ajudar o país a lidar com crises futuras antes que elas ocorram, disse.

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