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‘América Primeiro’ de Biden limita exportação de vacinas

BLOOMBERG – Os Estados Unidos injetaram mais de 25% das doses de vacinas contra o coronavírus do mundo até agora, graças a dois presidentes que têm pouca coisa em comum, exceto a estratégia para controlar a produção nacional de imunizantes com uma lei de 70 anos que tem impedido exportações.

A partir do momento em que a reguladora FDA autorizou as primeiras vacinas da Pfizer e da Moderna, o governo dos EUA, primeiro com Donald Trump e então sob o comando do presidente Joe Biden, já havia feito acordos para comprar toda a produção americana divulgada pelas empresas nos próximos meses, garantindo centenas de milhões de doses para o país.

Países sem capacidade própria para fabricar vacinas tiveram que esperar ou recorrer a outras fontes além dos EUA, como imunizantes desenvolvidos na Rússia e na China sob menor escrutínio regulatório.

Na semana passada, Biden atingiu o marco de 100 milhões de vacinas administradas em sua presidência, seis semanas antes do previsto. Os EUA já administraram quase 130 milhões de doses, o dobro da quantidade na União Europeia.

A conquista se deve a contratos que obrigam fabricantes a atenderem grandes pedidos dos Estados Unidos primeiro, uma proibição na prática contra exportações de vacinas, apesar de autoridades do governo Biden dizerem repetidamente que não há proibição formal. Em troca, as empresas obtêm ajuda crucial para a aquisição de suprimentos. A abordagem nacionalista adotada por Biden e Trump foi criticada por alguns aliados e especialistas em saúde pública.

“De forma deprimente, ocorreu exatamente como previsto”, disse Thomas J. Bollyky, diretor do programa de saúde global do Conselho de Relações Exteriores. “Em todas as crises de saúde globais anteriores em que houve uma intervenção médica que faria a diferença, os países ricos estocaram.”

Mas outras nações logo se beneficiarão. Os EUA devem imunizar a maior parte da população adulta até meados do ano e, em poucos meses, se tornarão o maior exportador de vacinas do mundo.

À medida que a produção aumenta, fabricantes domésticos poderão cumprir em breve seus contratos nos EUA, ao mesmo tempo em que fabricam doses para outros países. A União Europeia elabora medidas semelhantes para restringir as exportações e aumentar a oferta do bloco.

Americanos primeiro

Tanto Biden quanto Trump não se desculparam por terem priorizado a vacinação dos americanos. Autoridades do governo Trump dizem que os contribuintes dos EUA merecem ter seus pedidos priorizados por causa do programa multibilionário “Operação Warp Speed” do ex-presidente, que acelerou o desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus.

“Não queríamos colocar bilhões de dólares do dinheiro dos contribuintes em risco e depois descobrir que éramos os terceiros na fila para o produto em que investimos”, disse Paul Mango, ex-funcionário sênior do Departamento de Saúde e Serviços Humanos no governo Trump.

O governo anterior incluiu cláusulas em contratos com fabricantes e também usou a Lei de Produção de Defesa, que concede ao presidente poderes extraordinários sobre a fabricação em tempos de crise para priorizar pedidos dos EUA.

Autoridades do governo Biden que supervisionam a distribuição de vacinas não são tão contundentes, mas a percepção é praticamente a mesma. O novo presidente não rescindiu uma ordem executiva de Trump segundo a qual os americanos seriam os primeiros na fila para vacinas fabricadas nos EUA, para só então serem distribuídas a aliados.

Porta-vozes da Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson não quiseram comentar planos de exportação.

“Qualquer dúvida sobre restrições às exportações precisa ser tratada pelo governo dos EUA”, disse a porta-voz da Pfizer, Sharon Castillo. A empresa entregou 82 milhões de doses fabricadas nos Estados Unidos em 23 de março.

Porta-vozes da Casa Branca não quiseram comentar.

Abastecer o mundo

Ao todo, o governo dos EUA fez pedidos de vacinas suficientes para imunizar a toda a população adulta quase duas vezes. A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que o excedente pode ser necessário no caso de cientistas determinarem que doses de reforço devem ser aplicadas para combater variantes ou a FDA autorizar a vacinação de crianças.

O governo Biden não disse se vacinas produzidas nos EUA foram enviadas a outros países. Mas os termos dos contratos com fabricantes e os volumes entregues sugerem que todas as doses, ou quase todas produzidas nos EUA até agora, foram para o governo americano.

A abundância de vacinas dos EUA poderia abastecer o mundo.

“Como estamos construindo uma capacidade tão robusta, quando tivermos nossas vacinas seremos capazes de ser um player bastante significativo para que imunizantes comprovados sejam enviados ao mercado internacional”, disse Craig Fugate, ex-administrador da Agência Federal de Gestão de Emergências do governo Obama.

Segundo ele, não é questão de caridade: “Enquanto não vacinarmos todos, inclusive os inimigos, não estaremos protegidos da Covid”.

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©2021 Bloomberg L.P.

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